domingo, 9 de agosto de 2009

Dia dos pais

Eles também merecem uma festa! E hoje gostaria de homenagear meu pai, Seu João, dizem que só somos bom filhos quando passamos a ser pais, eu concordo sou outra pessoa desde que me tornei mãe e consequentemente sou melhor filha também.
Beijo grande pra todos os papais, especialmente pro meu.

Há um tempo atrás, recebi um slide com este texto e achei lindo, hoje garimpando o encontrei inclusive com o nome do autor:


"Antes que elas cresçam


Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos.

É que as crianças crescem, independente de nós, como árvores, tagarelas e pássaros estabanados, elas crescem sem pedir licença. Crescem como a inflação, independente do governo e da vontade popular. Entre os estupros dos preços, os disparos dos discursos e o assalto das estações, elas crescem com uma estridência alegre e, as vezes, com alardeada arrogância.

Mas não crescem todos os dias, de igual maneira, crescem, de repente.

Um dia se sentam perto de você no terraço e dizem um frase de tal maturidade que você sente não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.

Onde e como andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu? Cadê aquele cheirinho de leite sobre a pele? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços, amiguinhos e o primeiro uniforme do maternal?

Eles estão crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediencia civil. E você esta agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça. Ali estão muitos pais, ao volante, esperando que saiam esfuziantes, cabelos soltos e sobre as ancas. Esses são nossos filhos, em pleno cio, lindos!!

Entre hamburgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão elas, com uniforme de sua geração, incomodas mochilas da moda nos ombros ou, então a sueter amarrada na cintura. Esta quente, a gente diz que vão estragar a sueter, mas não tem jeito, é o emblema da geração.

Pois ali estamos, depois do primeiro e do segundo casamento, com esta barba de jovem executivo ou intelectual em ascensão, as mães, as vezes, já com a primeira plástica e o casamento recomposto. Estes são os filhos que conseguimos gerar, apesar dos golpes do ventos, das colheitas, das noticias e da ditadura das horas. E eles crescem meio amestrados, vendo como redigimos nossas teses e nos doutoramos em nossos erros.

Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos. Longe já vai o momento em que o primeiro menstruo foi recebido como um impacto de rosas vermelhas. não mais os buscamos nas portas das discotecas e festas, quando surgiam entre girias e canções. Passou o tempo do balé, da cultura francesa e inglesa. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas.

Deveríamos ter ido mais vezes a cama deles ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes naquele quarto cheio de colagens, posteres e agendas coloridas. Não, não as levamos suficientemente ao maldito "buffet" ou ao teatro para ver "Pluft", não lhes demos suficientes hamburgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas merecidas. Eles cresceram sem que esgotássemos nelas todo o nosso afeto.

No principio subiam a serra ou iam a casa de praia entre embrulhos, comidas, engarrafamentos, Natais, pascoas, piscinas e amiguinhas. Sim, havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de sorvetes. Depois chegou a idade em que subir para a casa de campo com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois já era impossível deixar a turma aqui na praia e os primeiros namorados. Esse exílio dos pais, esse divorcio dos filhos, vai durar sete anos bíblicos. Agora é hora de os pais na montanha terem a solidão que queriam, mas, de repente, exalarem contagiosa saudade daquelas pestes. O jeito é esperar. Qualquer hora podem nos dar netos. O neto é hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isto, os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável afeição. Os netos são a ultima oportunidade de reeditar o nosso afeto.

Por isto, é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que elas cresçam.


Affonso Romano de Sant'ana"



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